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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Dias atrás


O ano era 2003. Não existia smartphone, a internet era discada - pessoas com menos de 20 anos nunca vão experimentar a alegria de ouvir o barulhinho da conexão depois de tantas tentativas - e a gente achava que o combo meia listrada colorida + tênis de plástico + minissaia com pregas era  a combinação mais fashionista do mundo! 

Eu era uma pré-adolescente prestes a completar 12 anos. Não tinha sido um ano fácil, logo,  no meu aniversário não seria possível fazer grandes extravagâncias. Mas lógico que um bolinho não iria faltar. E docinhos. E o quibe de frango da minha bisavó.

Confesso que na época fiquei um pouco frustrada, por que tudo sempre tinha que ser tão difícil? A vida poderia ser pelo pelo menos um pouquinho como os filmes e as novelas que eu via na TV.

Chegou o grande dia. Chamei as minhas três melhores amigas da época para passarem o dia comigo. Assim que chegamos à casa, uma surpresa: elas haviam feito um presente para mim! Vários bombons dentro de uma caixa feita por elas em nossas aulas de artes. Era algo simples, mas tinha tanto carinho nesse gesto que me emocionou!

Na época o meu passatempo preferido era “brincar de rádio”. Sim, antes de stories, youtube, podcast, eu gravava meu próprio programa de rádio em fitas k7 dando dicas, indicando músicas, falando sobre a vida. Naquele dia as meninas participaram e, logo depois de tocarmos “Dias Atrás” do CPM 22 - que estava super em alta porque fazia parte da trilha sonora de Malhação - foi puxado um parabéns em coro para mim. Essa gravação se perdeu com o tempo, mas na minha memória esse momento continua fresco e nítido, como se tivesse acontecido ontem. .
Lembro-me de mais tarde naquele dia olhar para a minha família e as minhas amigas, todos juntos lá por minha causa, e ser invadida por aquela sensação de felicidade e plenitude que preenchem o coração.

Agora “Dias Atrás” acabou de tocar aleatoriamente na minha playlist. E as lembranças daquele dia voltam à minha mente como em um filme.

Aquele foi o dia em que eu descobri que a gente não precisa de muito para ser feliz. E por mais piegas que possa parecer, encerro essa crônica com o com o único clichê possível: a gente só precisa de amor!

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